* Do tempo realizado e do tempo sonhado *

17 de mar. de 2011

O charme e a tradição dos cafés: Café Central - Budapeste - Hungria


O interior em 1910. As cadeiras serviram de modelo às de hoje.
Após a II Guerra Mundial, que devastou grande parte da capital, o Café Central foi degradado a cafetaria de meia tigela com serviço de balcão. A arquitectura interior e exterior foi afectada e o local ficou irreconhecível. Em 1949, o recém-instaurado regime comunista encerrou o que restava do café, reflexo também da supressão da iniciativa privada e das liberdades de reunião e expressão. Café literário não rimava muito com totalitarismo.


 

Estado irreconhecível do Café Central em 1946-1949.
Durante o meio século seguinte, apenas um porta.
O edifício teve utilizações várias, consoante a tendência política de cada período. Foi sede, no tempo do estalinismo puro e duro, da Companhia Nacional de Paprika, empresa estatal com o monopólio do comércio da malagueta e colorau! Passou, depois da revolta de 1956, a cantina dos trabalhadores de construção do Metro e, a partir de 1965, a club de estudantes universitários. Foi salão de jogos electrónicos no imediato pós-comunismo. Ao longo de meio século, a destruição do local tornou-se praticamente irreversível. Apenas algumas fotografias coevas, sobretudo as de György Klösz (1844-1913), permitiram conservar uma leve memória dos tempos gloriosos do Central Café.
O edifício foi comprado no final dos anos 90 por Imre Somody, um milionário úngaro filantropo.
Com o seu dinheiro e crédito bancário, o prédio foi todo restaurado por dentro e por fora e devolvido à sua função e pompa originais. Isso foi feito entre 1997 e 1999, no respeito, sempre que possível, da traça e atmosfera originais, mas com recurso a soluções renovadoras, sob a direcção do arquitecto Gábor Gereben, que também foi o grande impulsionador da ideia de reconstrução do café. A obra custou cerca de um milhão e meio de euros.
Depois da inauguração solene, que teve lugar em Janeiro de 2000 com a presença do burgomestre Demszky e do primeiro ministro Orbán, a chave do novo Central foi lançada pelo proprietário ao Danúbio gelado, para que as portas do café jamais voltem a fechar, de acordo com uma tradição iniciada um século antes pelos clientes do New York Kávéház - outro café literário histórico de Budapeste.






Café Central de Budapeste hoje. Elegantíssimo, não?
Imagine um happy hour em ótima companhia?  Maravilha!

Nenhum comentário: