* Do tempo realizado e do tempo sonhado *

30 de mar. de 2014

Acorda, Alice!

Nos últimos vinte anos tenho ouvido lamentações de mulheres que não acham um namorado, um marido, um companheiro para compreendê-la, amá-la (de preferência falando que a ama de cinco em cinco minutos), ser O provedor, figura paterna, figura filial, figura fraternal, que tudo que ele queira na vida é ser pai dos seus filhos e aceitar, claro, dividir toda a educação do filho com você, e que nunca, nunquinha irá abandoná-la nem por uma gata de vinte anos e que não tem o menor jeito para lidar com crianças. Mulheres reclamando que não têm chances na vida, que não conseguem um emprego que preste. Etc. Etc.

Acorda, Alice! A vida não é filme, você não entendeu. A vida não é um jardim florido, você não é uma princesa encantada e aquele que vem lá, montado em um cavalo branco, deve ser algum ator fazendo um filme medieval pelo seu bairro: Não é um príncipe encantado. Pelo menos não como você imagina e deseja.

Eu li um livro em que uma fada madrinha dizia para princesa:
¨Querida, pra você ter um príncipe é preciso beijar um sapo. O problema é que você não quer beijar sapos. ¨ Foi a frase mais brilhante que já li sobre relacionamentos; sobre a cabeça da mulher. Inclusive a minha cabeça há uns trinta anos atrás.

Vamos combinar uma coisa, Alice? Estude, trabalhe muito, se garanta financeiramente. Os homens não gostam de mulheres dependentes. Consiga um ótimo emprego, faça concursos se for o caso, se mate de estudar e acredite piamente que para o ¨circo¨é extremamente necessário o ¨pão¨. 
Aí fique bonita PRA VOCÊ MESMA, aí faça planos PARA VOCÊ MESMA, invista em você, faça terapia para ser mais feliz, viaje, faça boas amizades, se realize como mulher, faça de um tudo para se conhecer melhor, para crescer, seja feliz por você mesma!  Namore, case, e se for da sua vontade, tenha filhos! Construa a sua família. Se for da SUA vontade também.
Não coloque todas as laranjas na mesma cesta. Não coloque só nas mãos de um homem o poder absoluto de lhe fazer feliz.  Não vai dar certo, Alice.

Ou não faça nada disso. Vá atrás de um sonho difícil e complicado.  Saia flutuando nas nuvens esperando o marido-príncipe. Compre um lugar no mundo da lua e fique por lá.

Mas depois não venha reclamar que o príncipe tem mau hálito, que o cavalo dele é ¨cor de burro quando foge¨, que ele não é romântico e nunca lhe disse eu te amo. Que não tem ambição para ganhar dinheiro, que se contenta com o pouco que a vida dá, que ele nem olha direito para os filhos. Você perguntou algum dia se ele realmente queria ter filhos?
Depois não fique dizendo que ele deixou a responsabilidade do  casamento para você resolver sozinha, ou que é um conquistador inveterado, um ¨galinha¨. Que você não sabia de nada disso.
Sabia sim, Alice. Você viu e achou que com o tempo, com seu jeitinho meigo, iria mudá-lo.
Acorda, Alice! Ninguém muda ninguém.

E agora fica choramingando para as amigas que ele é outro homem. Que te trocou por outra, mais nova ou mais velha, não importa. Outra. Provavelmente mais esperta que você. Outra que não está nem aí para príncipe nenhum. Que é feminina e nada racional.  

Ah... Seu filho não lhe dá explicações? Está namorando uma piriguete e já não passa os fins de semana com você nem te telefona pra dizer que vai se atrasar? E lamenta todos os anos dedicados a ele, que em troca só te dá ingratidão?
Mas ele não precisa mais tanto assim de você. Filhos são para o mundo, Alice. E a piriguete pode proporcionar prazeres a ele que mesmo a melhor mãe do mundo, que é você, não pode.

Está desempregada ou insatisfeita com seu emprego, fica pulando de Setor em Setor mais que pipoca na panela? Pois é, Alice, achou que aquele príncipe provedor resolveria isso também.

Alice, você quer ficar dormindo, imersa em sonhos, buscando sempre os mesmos problemas, achando que a culpa é do mundo, dos homens, dos filhos, do governo, das amigas que não te ouvem mais e se ouvem, concordam com tudo pra não te magoar; quer chorar sobre a cerveja derramada ou quer tomar um rumo na vida?

Acorda, Alice! A culpa é sua!  

8 de mar. de 2014

Obrigada pela visita!

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beijos
Vanessa 


¨Estou tão sedenta do maravilhoso que só o maravilhoso tem poder sobre mim. Qualquer coisa que eu não possa participar em transformar em algo maravilhoso, eu deixo ir.¨

Anaïs Nin

7 de mar. de 2014

O último pedaço

Não sei se vocês também têm essa percepção ou se é coisa de gente meio doida como eu. Eu sei exatamente o momento que acaba qualquer coisa que eu esteja saboreando.

Quando estou comendo um chocolate, um biscoito, um saco de amendoins, pipoca, balas, etc, eu sei exatamente quando acaba.
Aí vocês vão pensar que sou doida mesmo porque todo mundo sabe quando acaba o que está comendo, é só olhar para o prato.  E eu respondo: Nem sempre.  
Digamos, por exemplo, que você está assistindo televisão no escuro, comendo uma barra de chocolate sem o papel:  eu sei, ou melhor, minha boca sabe quando chego ao último pedaço, mesmo sem vê-lo. Podem me vendar os olhos que minha boca sabe.   Minha boca deve ter algum sensor de últimos pedaços ligado ao cérebro.  
O último pedaço tem um sabor especial; talvez até todas as últimas coisas que fazemos tenham este mesmo sabor diferenciado e nós não nos damos conta:
O último beijo, o último gole de refrigerante, o último degrau, o último papel de um bloco de notas, a última briga ou a última transa com um namorado...  Não, a última transa, quando a gente ainda sente atração e sabe que será a última, tem sim, claramente um sabor diferenciado.
(Opa, eu estava falando de chocolate, de doces, não vamos entrar no campo sexual senão posso me confundir).
É um sensor, sem dúvida, que deve dar um choquinho no cérebro.
Resolvi contar isso aqui porque essa semana mesmo estava deitada assistindo um filme e comendo chocolate. Comendo pedacinho por pedacinho. De repente cadê o chocolate? Acabou. Acabou? Minha boca me dizia que não havia acabado e fui tateando o lençol em busca do último pedaço e não achei.
Olhei, tateei e nada. Pensei comigo mesma sem muita certeza: Que pena, acabou e eu nem saboreei o último.   
De um jeito desconfortável me conformei. No dia seguinte, quando levantei da cama, lá estava o último pedacinho no chão.  
Olhei e pensei: Eu sabia que não tinha acabado!

4 de mar. de 2014

¨Soco¨



Ganhei um ¨Soco¨e fui pra casa. Como levar esse Soco e ficar quieta?
Abri-o com a devida atenção pós-trauma, esperando algo visceral e dramático e o que leio é puro encantamento cotidiano. Uma cidade que se apresenta surreal. Vitral em preto e branco. Fiquei mais que quieta; concentrada.
Que livro é esse que a Giovana e o Edemar me envolveram? Ruas trocadas, gatos que falam e prevêem o futuro, camisas pretas e brancas, solidões, fotos dissolvidas, Mirassol estarrecida ...
Eu, rendida para um próximo Soco: Sois vós, Giovana e Edemar, que vieram me salvar?
¨Quem recebe um Soco, já sabe do que é feita a vida¨.


Amei o livro de vocês! Livro bom é assim: A gente almoça com ele, vai ao banheiro com ele, dorme abraçada com ele.  

2 de mar. de 2014

Amigas


Mulheres são competitivas
Mulheres são invejosas
Mulheres são falsas
Mulheres são traiçoeiras

Estes são os comentários que mais ouço e leio a respeito da
amizade entre mulheres.
Fico assustada porque a colheita vem do que semeamos. 

Tenho queridas amigas: 
Que me ouvem 
Que me apoiam 
Que são sinceras, nos elogios e nas críticas
Que fazem a vida ficar mais leve.
Giovana, Kátia Rejane, Cacau, Vivi
quando nos encontramos é sempre para acrescentar
pelo simples prazer das nossas companhias
pelas conversas interessantes
pelas gargalhadas divertidas
e pelas confidências sussurradas.

E muito bom estar com vocês!