* Do tempo realizado e do tempo sonhado *

7 de set. de 2013

O POETA

Meu primeiro emprego  foi nos Correios.  Eu trabalhava na Agência Copacabana - no posto 6. 

Carlos Drummond de Andrade, que morava quase ao lado,  mantinha lá uma  caixa postal. Ele ía, duas a três vezes por semana pegar a correspondência.  Era um alvoroço só a sua chegada. Nós funcionários, por respeito e timidez, nunca o importunávamos e morríamos de inveja da Dª  Olga, uma querida colega, mineira como ele, pelas demoradas conversas que mantinham.  

Eu, fã que era e sou,  tinha verdadeira loucura para pedir um autógrafo.  Comprei um livro de poemas reunidos e perguntei à Dª Olga se ela não conseguiria um autógrafo pra mim. 
Fiquei feliz e guardei o livro na gaveta da minha mesa para quando ele fosse pegar a correspondência. 
Qual não foi minha surpresa um dia, uma colega me disse que Carlos gostaria de falar comigo.

Peguei o livro e fui , quase correndo, absolutamente emocionada. 
Carlos me recebeu com um sorriso  gentil,  fez duas ou três perguntas que acalmaram minha ansiedade  e lhe entreguei o livro, cuja dedicatória  gentil e afetuosa  me sensibiliza até hoje.   
       
  
                 

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