Carlos Drummond de Andrade, que morava quase ao lado, mantinha lá uma caixa postal. Ele ía, duas a três vezes por semana pegar a correspondência. Era um alvoroço só a sua chegada. Nós funcionários, por respeito e timidez, nunca o importunávamos e morríamos de inveja da Dª Olga, uma querida colega, mineira como ele, pelas demoradas conversas que mantinham.
Eu, fã que era e sou, tinha verdadeira loucura para pedir um autógrafo. Comprei um livro de poemas reunidos e perguntei à Dª Olga se ela não conseguiria um autógrafo pra mim.
Fiquei feliz e guardei o livro na gaveta da minha mesa para quando ele fosse pegar a correspondência.
Qual não foi minha surpresa um dia, uma colega me disse que Carlos gostaria de falar comigo.
Peguei o livro e fui , quase correndo, absolutamente emocionada.
Carlos me recebeu com um sorriso gentil, fez duas ou três perguntas que acalmaram minha ansiedade e lhe entreguei o livro, cuja dedicatória gentil e afetuosa me sensibiliza até hoje.
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