Creio que a maioria que lê este espaço sabe que perdi meu
cachorrinho, o Yuri, em janeiro. Ele tinha quase dezesseis anos e morreu em
conseqüência de um AVC.
Foi um sofrimento terrível e só quem já perdeu um
companheirinho sabe a dor que é. O tempo
tem me curado aos poucos transformando minha dor em doce lembrança.
O tempo foi tão meu amigo que dia 15 de abril deste ano,
três meses após minha perda, colocou em meu caminho uma anjinha que batizei de
Minie. Minie foi achada por uma amiga e quando vi sua foto tive a certeza que
queria adotá-la.
Minie estava nas ruas, provavelmente sofrendo maus tratos,
magrelinha, triste e arredia. Mal se
podia tocar nela que ou chorava ou mostrava uma fileira de dentes
desparelhados. Segundo o veterinário aparentava entre entre oito e dez aninhos. Uma senhorinha.
Não a vi quando foi achada mas soube que tinha um cheiro
ruim e precisou de três banhos seguidos para ficar limpinha. Pesava apenas 2 quilos; é uma mestiça de
pequinês com ¨alguma coisa¨. No
pescocinho, uma coleira muito grossa e pesada que já estava podre! Esta foi a primeira foto que vi da minha magrelinha, já
de bainho tomado e vacinada:
Porque o título ¨Adotar é maravilhoso, porém...¨
Quando adotamos um animalzinho a nossa tendência é ter
pena dele por tudo que já passou. Subestimamos a capacidade dos animais de
recuperação física e emocional, muitas vezes projetando nossas próprias
tristezas pela perda de um outro animal que fazia parte da família. Confundimos nossos sentimentos achando que ao
recebermos um novo companheiro teremos alguém que virá para nos consolar pela
nossa perda.
GRANDE ENGANO!
E foi caindo neste engano que comecei a tratar a Minie
como tratava o Yuri. Ambos com personalidades totalmente distintas:
Yuri foi pensado e planejado por quase quatro anos, nos
termos do cão que eu desejava para o meu estilo de vida na época. Veio com três
meses, foi paparicado demais, ¨um filho
único mimadinho¨.
Era brinacalhão, muito afetuoso, sempre ao meu lado porém
latia muito quando queria algo e não sossegava enquanto eu não o atendesse.
Enfim, era inseguro, sem limites e sofria muito
emocionalmente por isso. Mas eu o adorava do jeitinho que ele era. Comigo era só
dengos e carinho. Nos entendíamos com um olhar e foi um companheirão por todos
os anos em que esteve ao meu lado. E são doces as lembranças.
Minie chegou e comecei a paparicá-la, a ter peninha dela,
agrados toda hora, caminha e paninhos cor de rosa, coleiras peitorais cor de
rosa, queria lhe dar a vida cor de rosa de amor e mimos que supus que ela
sentisse muita falta. Projetei o Yuri na
Minie e vocês devem estar imaginando o desastre.
Adotar exige dedicação, amor, muita paciência e respeito.
Minie começou se recusando a usar a coleira peitoral ( mais segura e confortável ) . Custei a entender sua expressão corporal, não sabia se era medo da coleira, se machucava ou o que!
Minie começou se recusando a usar a coleira peitoral ( mais segura e confortável ) . Custei a entender sua expressão corporal, não sabia se era medo da coleira, se machucava ou o que!
Troquei por uma coleira de pescoço e ela aceitou bem.
Nos primeiros passeios Minie se escondia debaixo dos
carros estacionados cada vez que alguém caminhava em nossa direção. Levou dias
para que a acalmasse, para que ela percebesse minha presença nos passeios. Minie me rejeitou até bem pouco tempo atrás. Não confiava, não aceitava quase nenhum carinho, só cafuné na
cabeça. Me mordia quando eu tocava no seu corpo e na barriga.
Fiquei preocupada e resolvi que teria que ir de novo ao veterinário porque achei que estava prenhe. Fizeram ecografia na barriguinha e para sorte nossa, sem bebês. Depois de uns dias, castração. E estando os dentes em péssimo estado, um tempo depois foi feita a retirada de tártaro e radiografias para saber porque não se podia tocar na suas costas, perto do rabo.
Fiquei preocupada e resolvi que teria que ir de novo ao veterinário porque achei que estava prenhe. Fizeram ecografia na barriguinha e para sorte nossa, sem bebês. Depois de uns dias, castração. E estando os dentes em péssimo estado, um tempo depois foi feita a retirada de tártaro e radiografias para saber porque não se podia tocar na suas costas, perto do rabo.
Tudo bem. Não
acusou problema físico. Comecei a perceber que seria medo talvez por mordidas
de outros cães ou maus tratos por humanos.
Cheguei à conclusão que não tinha nada a ver com outros cães porque
Minie adora fazer amigos caninos, felinos e não se intimida com tamanho; pelo
contrário, é uma simpatia só. E é
esperta quando precisa impor limites aos mais afoitos.
Ainda não sei entender direito seu olhar e sua expressão
corporal. Sempre muito séria e parecendo distante na maioria das vezes. Ela
volta e meia faz questão de me manter à distância. Eu sei que isso é normal, principalmente porque
estamos juntas a pouco tempo e um
bichinho adotado já adulto, requer um tempo de adaptação; mas saber é uma coisa
e vivenciar é outra.
Com o tempo, tivemos que nos adaptar uma à outra. Cada uma foi descobrindo e respeitando o espaços delimitados, as nossas rotinas. Ela é inteligente e aprende muito
rápido. A cada dia se mostra mais carinhosa e começamos a nos entender. Engordou e está com cinco kgs agora e um pelo
brilhante e sedoso!
Minie não é uma bonequinha a ser paparicada. É uma senhorinha
que já passou por poucas e boas e sabe bem o que quer e o que é bom pra
ela. E às vezes tenho minhas dúvidas se
ela sofreu maus tratos ou se é da sua personalidade mesmo ela ser assim
ranzinza e me morder de leve quando não gosta de algo.
Estamos tranqüilas e cada vez mais felizes. Ela está cada dia mais receptiva à tudo e a todos. Fica na
porta sentadinha esperando ser apresentada a quem me visita e receber um
carinho; depois vai pro seu travesseiro e fica na dela, observando. É tímida e reservada e respeito sua
personalidade.
Já faz festa quando chego em casa, do jeitinho dela.
A cada dia mais brincadeiras e bagunças ( e menos mordidas! ).
Passeamos de duas a três vezes por dia, algumas vezes por
quase uma hora. Ela está saudável, é forte e resistente e ama passear. Tenho
até dormido melhor à noite com tanta rua!
Poderia escrever por horas sobre meu aprendizado ( que não é fácil ) com este convívio e como ela me faz bem. Estávamos predestinadas e não sei o que me
fez escolhê-la assim, do nada, quando vi sua foto. Só sei que está valendo
muito a pena!
Minha Miniekita atualmente : ( clique encima para ampliar )
Beijos, Minie
4 comentários:
Querida Vanessa é tão linda ,tão carinhosa a forma que vc descreve esta bela parceria que enquanto lia eu conseguia visualizar cada situação ...não nos conhecemos pessoalmente (Aindaaa) mas sinto sua alma generosa sua bondade atrelada a um jeito sincero e verdadeiro de se expressar de ser de viver a vida ....Deus sabe o que faz nesta breve vida e estou começando a acreditar que vc seja mais um destes presentes que o Pai Celestial coloca em minha vida!
Felicidades mim para você e sua bela Minie ...um grande beijo!!!
Ô Dani,
Assim eu choro... rs
Muito obrigada por palavras tão carinhosas! Dizem que enxergamos nos outros aquilo que somos...
Beijos e felicidades pra você também e sua docinha Minie rs
Parabéns Vanessa e Minie, não conhecia a história completa de vocês. Eu e a Chiara, minha filha gente, adotamos dia 1-12 uma cadelinha de três meses, a Lola. Em breve te mostro a foto.
Oi Cris!
Obrigada...
Que bom te ver aqui! Parabéns pela adoção da Lola. Quando é bebê acredito que seja mais tranquilo adotar porque a personalidade ainda não está formada.
Beijos
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