Outro dia, a filha da minha visinha, Priscila, estava
triste e comentou comigo que não tinha
amigas. Que suas amizades são interesseiras, e como ela costuma ser uma pessoa
alto astral, só a procuram para conversas amenas e divertidas, conversas para
dar risada; nunca em momentos difíceis de tristeza quando ela mais precisa tê-los por perto. Que se sente sozinha e não sabe o que
fazer.
Priscila tem vinte e um anos, linda, querida e
divertida. E me autorizou a lhe responder aqui.
Detesta Orkut e facebook porque as pessoas têm ¨quinhentos
amigos¨ e não tem nenhum. Tiram muitas fotos e fingem que são populares mas que
no fundo são tão ou mais sozinhas do que ela.
Querida Priscila:
É assim mesmo. Infelizmente, raríssimas pessoas
estão interessadas em amizades verdadeiras, daquelas para toda hora, daquelas de antigamente.
E acredito sinceramente que não seja por mal. Os tempos são outros; existem tantas substituições
para uma boa amizade! filmes em casa para distrair os olhos, jogos para distrair
a mente e redes sociais para distrair o coração. E os corações estão solitários, Priscila. Tão
ou mais solitários que o seu. Porque o nosso tempo é agora e o agora
do mundo é isso aí. É o que temos pra
hoje, salvo raras e doces exceções: as ¨agulhas no palheiro¨.
Nós, ¨mais velhos¨, também sentimos essa impossibilidade,
também batemos de frente nesse ¨muro¨ onde se escondem as belas relações. Temos todos nossas dores e vamos empurrando as necessidades com a
barriga, às vezes até sem admiti-las.
Não temos mais condições para ficar remexendo em palheiros em busca
das agulhas...
E aí, nós seguimos iludidos (?) acreditando que temos mil amigos e quando precisamos
apenas de um, muitas vezes ele nos falta porque está perdido, tentando também
se encontrar e nos encontrar.
Pois é, querida Priscila, no fim das contas me solidarizo e te admiro. Não te interessa o
corpo das modelos, dinheiro fácil, futilidades ¨fashions¨, relacionamentos por interesse, ...
Só quer amigos verdadeiros, essa coisa ultrapassada.
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