Não sei se vocês também têm essa percepção ou se é coisa
de gente meio doida como eu. Eu sei exatamente o momento que acaba qualquer
coisa que eu esteja saboreando.
Quando estou comendo um chocolate,
um biscoito, um saco de amendoins, pipoca, balas, etc, eu sei exatamente
quando acaba.
Aí vocês vão pensar que sou doida mesmo porque
todo mundo sabe quando acaba o que está comendo, é só olhar para o prato. E eu respondo: Nem sempre.
Digamos, por exemplo, que você está assistindo televisão
no escuro, comendo uma barra de chocolate sem o papel: eu sei, ou melhor, minha
boca sabe quando chego ao último pedaço, mesmo sem vê-lo. Podem me vendar os olhos que minha
boca sabe. Minha boca deve ter algum
sensor de últimos pedaços ligado ao cérebro.
O último pedaço tem um sabor especial; talvez até todas as
últimas coisas que fazemos tenham este mesmo sabor diferenciado e nós não nos
damos conta:
O último beijo, o último gole de refrigerante, o último
degrau, o último papel de um bloco de notas, a última briga ou a última transa
com um namorado... Não, a última transa,
quando a gente ainda sente atração e sabe que será a última, tem sim,
claramente um sabor diferenciado.
(Opa, eu estava falando de chocolate, de doces, não vamos
entrar no campo sexual senão posso me confundir).
É um sensor, sem dúvida, que deve dar um choquinho no cérebro.
Resolvi contar isso aqui porque essa semana mesmo estava
deitada assistindo um filme e comendo chocolate. Comendo pedacinho
por pedacinho. De repente cadê o chocolate? Acabou. Acabou? Minha boca me dizia
que não havia acabado e fui tateando o lençol em busca do último pedaço e não
achei.
Olhei, tateei e nada. Pensei comigo mesma sem muita certeza: Que pena, acabou
e eu nem saboreei o último.
De um jeito desconfortável me conformei. No dia seguinte,
quando levantei da cama, lá estava o último pedacinho no chão.
Olhei e pensei: Eu sabia que
não tinha acabado!
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