Você sabe o que é encanto?
É ouvir um SIM como resposta
sem ter perguntado nada.
Albert Camus
* Do tempo realizado e do tempo sonhado *
31 de out. de 2012
A mulher esperando o homem
Não importa que seja a esposa vulgar de um homem vulgar; e que no fim a historia do atraso dele seja também completamente vulgar. Neste momento ela é a mulher esperando o homem; e todas as mulheres esperando seus homens se parecem no mundo, e se ligam por invisível túnel de solidariedade que atravessa as madrugadas intermináveis.
Todas: a mulher do pescador, a mulher do aviador, do médico, do milionário e do ministro protestante...
Devia haver um santo especial pra proteger a mulher esperando o homem, devia haver uma oração forte pra ela rezar; ela está desamparada no centro de um mundo vazio.
Ela começa a odiar os móveis e as paredes; a torneira da pia lhe parece antipática; a geladeira, que aliás, precisa ser pintada, é estúpida, porque ronca de repente e depois o silêncio é mais quieto. A cama é insuportável.
Devia haver um numero de telefone especial para a mulher que está esperando o homem chamar, reclamar providências, ouvir promessas, insistir, tocar outra vez, xingar, bater com o fone.
Devia haver funcionários especiais capazes de abastecer essa mulher de esperança de quinze em quinze minutos, e dizer que no necrotério ele não está, nem no Pronto-socorro, nem em delegacia nenhuma; mas não diria isso de uma só vez, e sim através de informes espaçados, que fossem formando etapas de ansiedades, que quadriculassem lentamente a insônia.
A mulher que está esperando o homem está sujeita a muitos perigos entre o ódio e o tédio, o medo e o carinho.
Se um aparelho registrasse tudo que ela sente, pensa na noite insone, e se o homem, no dia seguinte, pudesse tomar conhecimento de tudo, como quem ouve uma gravação numa fita, é possível que ele ficasse pálido, muito pálido.
Porque a mulher que está esperando o homem recebe sempre a visita do diabo, e conversa com ele. Pode não concordar com o que ele diz, mas conversa com ele.
Rubem Braga
28 de out. de 2012
Estátua sobre túmulo |
Outro
dia, sendo entrevistada no Programa do Jô, a escritora Maria Adelaide Amaral disse
que gostava muito de passear em cemitérios.
Pois
eu também! Pelo menos no Cemitério São João Baptista, no Rio.
Lembro
que sempre no último dia de aula do ano, ou em alguma data que considerávamos
importante, eu e mais duas colegas ( éramos adolescentes ) comprávamos Coca cola, cachorro quente e
ficávamos passeando entre os túmulos, com estátuas cada uma mais bonita que a
outra, lendo os epitáfios e fazendo concurso de qual o mais triste ou o mais
bonito. Túmulos desde 1915, com anjos
guardiões, santas, réplicas de objetos. Fizemos esses passeios por uns quatro
anos. Andavamos apenas, conversando.
Nunca esqueci de um rapaz que
morreu em 1968, com apenas 18 anos . Seu túmulo é lindo e a família mandou
fazer uma estátua de bronze em tamanho natural do seu cachorro, um cocker,
deitado sobre a lápide, como quem toma conta.
Ficamos tão tocadas!
Não sei da conservação do
cemitério atualmente mas era muito bonito, com árvores, flores, caminhos de pedra.
Só gostávamos de ir quando
ele estava vazio, tranqüilo e em dias ensolarados. Nunca achamos que fosse um passeio lúgubre ou
assustador. Para nós era como um parque.
Volta e meia vou ao Rio e
penso em dar um pulo lá, rever alguns túmulos, tirar até fotos, quem sabe. Mas
acabo esquecendo.
24 de out. de 2012
Volta e meia acontece
comigo. Sabe quando alguém fala a
respeito de algo:
¨Ah... essa praia já foi boa!
Quando o mar era mais limpo, tinha umas palmeiras lindas ali¨.... Ou:
¨Ah, nessa Universidade os professores eram incríveis! As aulas eram animadas, tinha festival de musica e tudo! Ou:
¨ Fulano era um charme!
Combinaria tanto com você! Pena que
vocês não se conheceram antes dele se casar ¨.
¨Copacabana era maravilhosa
nos anos 50, anos dourados... Ipanema nos anos 60...
Costumo ter a sensação de
estar sempre chegando atrasada na vida dos lugares, das cidades e das pessoas.
Talvez por isso goste tanto
de morar em Curitiba. Aqui fui amiga do rei.
Conheci Curitiba no início de sua
efervescência cultural, do seu auge arquitetônico e ecológico; peguei os invernos
mais frios ; assisti os melhores filmes no Condor, no Lido I e II, no Groff e
no Luz. Ah que saudades dos cinemas de rua, onde a fila se estendia pela calçada.
Isso sem contar as livrarias da rua XV, onde sentávamos para tomar um café com um pãozinho de queijo quentinho enquanto folheávamos os livros.
Isso sem contar as livrarias da rua XV, onde sentávamos para tomar um café com um pãozinho de queijo quentinho enquanto folheávamos os livros.
Tantas vezes caminhei com os amigos Luís
e a Carol nas noites frias de inverno na Rua das Flores, em meio à iluminação
de acrílico roxo, com direito à neblina, luva de lã e fumacinha saindo da boca. De
madrugada, voltando da ¨night¨, irmos ao Billy para comermos um ¨macaquito¨: pão de hamburguer enorme e mais que especial, queijo derretido, banana assada e goiabada, tudo quentíssimo para rebater o frio.
Assistir aos shows de verão na Pedreira, ir naquele barzinho do Bosque do Papa com mesas espalhadas pela grama, onde se podia ouvir desde Rock à Bossa Nova. Freqüentar todos os ¨points¨.
Assisti os natais mais bonitos da minha vida, onde a cidade se transformava em um espetáculo de beleza, com muitas ruas inteiras de árvores e casas iluminadas e enfeitadas que mais pareciam um sonho. Algumas ficavam até abertas à visitação.
Assistir aos shows de verão na Pedreira, ir naquele barzinho do Bosque do Papa com mesas espalhadas pela grama, onde se podia ouvir desde Rock à Bossa Nova. Freqüentar todos os ¨points¨.
Assisti os natais mais bonitos da minha vida, onde a cidade se transformava em um espetáculo de beleza, com muitas ruas inteiras de árvores e casas iluminadas e enfeitadas que mais pareciam um sonho. Algumas ficavam até abertas à visitação.
Estacionar o carro em qualquer lugar e andar sem medo com os vidros abertos.
Ir ao Bar da Classe, onde artistas, intelectuais, gente interessante e famílias se misturavam em um ambiente surreal sempre de festa e descontração. Ir ao Trem
azul, ao Camarim e, se estivesse com sorte, encontrar com o Paulo
Leminski e trocar ideia sobre a noite, a vida e a dor dos
poetas.
10 de out. de 2012
Foi multado?
No caso de multa por infração leve ou média, se você não foi multado
pelo mesmo motivo nos últimos 12 meses, não precisa pagar multa.
É só ir ao DETRAN e pedir o formulário para converter a infração em
advertência com base no Art. 267 do CTB. Levar Xerox da carteira de
motorista e a notificação da multa. Em 30 dias você recebe pelo
correio a advertência por escrito. Perde os pontos, mas não paga nada.
"Art. 267. Poderá ser imposta a penalidade de advertência por escrito
à infração de natureza leve ou média, passível de ser punida com
multa, não sendo reincidente o infrator, na mesma infração, nos
últimos doze meses, quando a autoridade, considerando o prontuário do
infrator, entender esta providência como mais educativa." Código de
Trânsito Brasileiro"
9 de out. de 2012
Lhasa Apso
Você já deve ter visto algum
por aí...
Principalmente de uns tempos
pra cá em que eles ¨entraram na moda¨.
Transcrevo aqui um texto da
ótima revista Cães&Cia a respeito dessa raça tão encantadora.
¨ Há 800 anos da era Cristã,
em Lhasa, capital do Tibet, ao longo das fronteiras da Índia e perto do Monte
Everest, surgiu um pequeno cão felpudo, que era encontrado ao redor de palácios
e mosteiros.
A este cão – denominado
depois de Lhasa Apso ( Leão de Lhasa ) – eram atribuídos poderes místicos,
sendo, por isso, considerado um animal sagrado.
Desenvolvido para vigia de
palácios e mosteiros – atividade que exerce até hoje no Tibet -, era também
utilizado em rituais para identificar espíritos malignos nos corpos dos mortos
e tratado com reverência pelos nativos do país. Durante a dinastia de Manchu,
por volta de 1573, tornou-se um hábito dos monges dar cães desta raça nas
despedidas de famílias reais, pois acreditava-se que eles trariam sorte e
prosperidade apenas com sua presença.
Porém, se um estrangeiro
coagisse um nativo a lhe dar um Lhasa Apso, este lhe traria muitos
infortúnios. Um Lhasa deveria ser
presenteado, jamais comercializado.
Originário do cruzamento
entre o Terrier do Tibet e o Spaniel Tibetano, e não do Pequinês e do Shitzu,
como muitos acreditam. O Lhasa Apso era comparado a um leão, não por suas
características físicas, mas por sua força e coragem, sendo conhecido em seu
país como Apso Seng Kye que quer dizer
¨cão leão sentinela¨ . É uma das raças com
a audição mais apurada entre os cães.
Por ter surgido numa região
onde o frio e o calor são intensos, o Lhasa desenvolveu uma constituição forte
e um corpo vigoroso, coberto com uma pelagem profusa e áspera que o protege das
mudanças climáticas. Sendo assim, o
Lhasa não deve ser totalmente tosado, devendo neste caso ser deixado ao menos 10 cms de pêlo, independente da estação do ano.
Acabou, no entanto sendo
trazido para o ocidente, aparecendo nos EUA por volta de 1930. A raça foi trazida ao
Brasil pelo criador Denis Duveen em aproximadamente 1966.¨
Este é meu Yuri, completando 15 anos este mês |
Sabe o pessoal que fica no sinal de trânsito, destribuindo
folhetos e todo tipo de propaganda? Geralmente só aceito quando são senhoras ou
senhores, que precisam ficar sob sol, chuva e frio de Curitiba quando já
deveriam estar tranqüilos, com um bom salário ou uma aposentadoria digna, e não
ali, sujeitos a todo tipo de desprezo e
mau humor de quem para no sinal.
Me comovo porque os maduros são
os mais educados, sempre agradecem com
entusiasmo e se não estão entusiasmados eu os compreendo.
Gosto sempre de abrir o vidro e recebê-los com um sorriso
e um bom dia amigável, tentar ao menos fazer alguma diferença, um momento de gentileza em um dia cansativo de trabalho
8 de out. de 2012
Ratinho
Imagina só que tristeza:
__ Quem é o prefeito da sua cidade?
__ É o Rato Junior.
Tomara que o povo curitibano seja mais consciente agora no 2º turno.
Meu nome é Vanessa
Meu pai escolheu meu nome e a inspiração foi um romance inglês que ele estava lendo onde a heroína chamava-se Vanessa. Depois descobri ser o nome do gênero a que pertence estas lindas borboletas.
No primário eu odiava meu nome porque não faltavam piadinhas e gracinhas, que não vou repetir para não dar idéia a vocês...
Na adolescência, passei a amar meu nome. Principalmente porque, cinéfila absoluta, tomei conhecimento da Vanessa Redgrave. Nossa... Não cabia em mim de contentamento quando dizia meu nome a alguém e a pessoa comentava com um sorriso: ¨ ... Vanessa Redgrave... Naquela época era a única referência que as pessoas tinham do meu nome e era uma referência de alto bom gosto.
Hoje, já conheci algumas Vanessas. E vi alguns crimes ortográficos como Vanesa e, pasmem, Waneça! Atualmente é uma tristeza só quando me apresento a alguém e a pessoa comenta com um sorriso: ... Wanessa Camargo...
Hebe Camargo e mamãe
Durante quase toda minha vida, presenciei minha mãe no sofá de casa assistindo ao programa da Hebe Camargo. Foram varias as fases, várias as mudanças de dia da semana e de horário e mamãe ali, firme, assistindo sua querida Hebe.
Quando nos encontramos, se a Hebe participava de um programa ou de uma boa entrevista, mamãe comenta: ¨Você viu a entrevista da Hebe?¨
Mamãe e a Hebe tem muito em comum: As duas com a mesma idade, a mesma beleza e alegria contagiante, o mesmo senso de humor e o amor pela vida.
Nos últimos anos, ambas passaram por momentos difíceis e delicados com
o câncer. A cada vitória da Hebe contra esta doença, mamãe ficava feliz como quem diz: ¨Olha, ela conseguiu de novo! ¨.
Mamãe está curada e bem apesar dos probleminhas naturais da idade avançada. Infelizmente, a Hebe não conseguiu.
Soube da notícia da sua morte pela mamãe, com os olhos cheios de lágrimas. Fiquei chocada e muito triste. Pairou um silêncio doído entre nós duas e olhando seu olhar perplexo eu compreendi.
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