* Do tempo realizado e do tempo sonhado *

28 de out. de 2012

Estátua sobre túmulo 
Outro dia, sendo entrevistada no Programa do Jô, a escritora Maria Adelaide Amaral disse que gostava muito de passear em cemitérios.
Pois eu também! Pelo menos no Cemitério São João Baptista, no Rio.
Lembro que sempre no último dia de aula do ano, ou em alguma data que considerávamos importante, eu e mais duas colegas ( éramos adolescentes )  comprávamos Coca cola, cachorro quente e ficávamos passeando entre os túmulos, com estátuas cada uma mais bonita que a outra, lendo os epitáfios e fazendo concurso de qual o mais triste ou o mais bonito.  Túmulos desde 1915, com anjos guardiões, santas, réplicas de objetos. Fizemos esses passeios por uns quatro anos.  Andavamos apenas, conversando.
Nunca esqueci de um rapaz que morreu em 1968, com apenas 18 anos . Seu túmulo é lindo e a família mandou fazer uma estátua de bronze em tamanho natural do seu cachorro, um cocker, deitado sobre a lápide, como quem toma conta.  Ficamos tão tocadas!
Não sei da conservação do cemitério atualmente mas era muito bonito, com  árvores, flores, caminhos de pedra.
Só gostávamos de ir quando ele estava vazio, tranqüilo e em dias ensolarados.   Nunca achamos que fosse um passeio lúgubre ou assustador. Para nós era como um parque.
Volta e meia vou ao Rio e penso em dar um pulo lá, rever alguns túmulos, tirar até fotos, quem sabe. Mas acabo esquecendo.

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